sábado, 4 de junho de 2016

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Chuvas de verão ... ou afogar-se em um copo d'água





Tudo o que não precisamos é de conflito aberto entre a Corte Suprema brasileira e a Câmara dos Deputados em torno de uma polêmica mal posta, ou mal intencionada, a respeito de quem teria a última palavra sobre interpretação de dispositivos constitucionais.



O julgamento dos mensaleiros  pelo STF (Ação Penal no. 470) ganhou publicidade e despertou polarização em seu curso e gerou expectativas quanto ao desfecho que viesse a ter. Agora nos aproximamos de seu final e da execução das penas a que condenados os réus - pois eles já foram condenados, quer-se goste ou não disso -  estando ainda em debate ajustes na fixação das penas de restrição da liberdade, das penas acessórias (multas e reparações, se tanto houver), seu modo de cumprimento, e reflexos da condenação. 



É até mesmo possível que pequenas surpresas e reviravoltas inesperadas ainda tenham lugar, mas não se nutrem expectativas contrárias à  efetividade da condenação e da imposição das penas.  Afinal, se isso ainda fosse possível, seria, ao mesmo tempo, a consagração do dito popular sobre "no Brasil tudo acabar em pizza" e, para os versados no idioma de Shakespeare, "much ado about nothing". Reconheçamos que, após tantos meses, é o improvável.  O risco de uma desmoralização generalizada  para a imagem das nossas instituições seria catastrófico.  Afinal, já há o sentimento latente de tratar-se da ponta de um iceberg, tão somente.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Escorço genealógico de um Luna

Luna, Antonio De, Conte Di Caltabellotta

Dizionario Biografico degli Italiani

LUNA, Antonio de, conte di Caltabellotta. - Nacque da Artale e Margherita Peralta, il cui matrimonio, stipulato nel 1404, si inseriva nelle strategie politiche e di controllo territoriale della restaurata monarchia siciliana.Margherita era figlia di Niccolò Peralta, quarto conte di Caltabellotta, morto nel 1398 senza discendenza maschile

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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Se eu fechar os olhos agora

Leio " Se eu fechar os olhos agora ", de Edney Silvestre, que recebeu o Prêmio Jabuti 2010 de melhor romance e perdeu a premiação de melhor obra do ano para o sambista e compositor Chico Buarque, que, entre outras ousadias, teria cometido a seguinte frase “(Esse governo) ... não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai e, por isso mesmo, é respeitado no mundo inteiro”.

Um trecho para avaliar a régua e o compasso do escritor:
Sem erguer a cabeça, Eduardo tentou responder. Queria falar de sua perplexidade ante o acúmulo de elementos incontroláveis, queria pedir ajuda para entender Dona Madalena morta, a ameaça de expulsão feita pelo diretor, o risco do futuro destruído, os gemidos da mãe e o rosnar do ai na noite anterior, o horror de sabe da existência de uma pobreza muito mais aguda do que jamais imaginara ou lera nos livros. Só conseguiu dizer: - Estamos em uma encrenca danada.

O texto combina o suspense de um thriller com a reconstituição, por meio de referências esparsas, de um período da história recente brasileira, anos que antecederam a crise de 64, o golpe, e a paralisia institucional em que nos metemos por mais de vinte anos.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Leituras que faço, fiz, estou fazendo


A maioria de nós ainda acredita que nossas lembranças refletem com precisão os acontecimentos do passado e que essas memórias são permanentes. A notícia ruim é que o passado, para nós, não é um registro objetivo, mas sim constituído de memórias reconstruídas, e essa reconstrução é influenciada fortemente pelas atitudes, crenças e informações de que dispomos no presente. Essa característica reconstrutiva do passado é importante de ser compreendida, afinal, isso implica no fato de que o que pensamos e sentimos hoje influenciará fortemente a forma como nos lembraremos de nosso passado.”



O segredo de Ebbinghaus. Como uma simples descoberta sobre a memória muda tudo o que você sabia sobre gestão de marcas. Gian Franco Rocchiccioli, São Paulo, Alfaiatar, 2010.

domingo, 14 de novembro de 2010

por que viajar e sair mundo a fora

Ontem assisti a "John Rabe", em DVD que comprei em minha última viagem. Sempre no meu patético esforço para adentrar na língua de Goethe. É claro que ao assistir a um filme, mesmo se for falado em banto, as imagens acabam se sobrepondo à compreensão dos diálogos.

John Rabe foi um executivo da Siemens em Nanking, China continental. Típico exemplo de overseas management staff ou, se preferirem, da globalização neocolonialista. Naturalmente, em 1937, deveria estar inscrito aos quadros do NSDAP, para ter mínimas chances de sucesso na carreira profissional mesmo sendo civil. Nós, brazukas, sabemos o que um governinho ajeitado arruma ou desarruma p'ras empresas do amigos e dos não tão amigos. Desde Vargas, não é, não? Afinal foi o tal quem disse "para os amigos tudo, para os indiferentes a lei", ou não foi?

O filme narra, em chave emocional e com participação de Steve Buscemi (que primeiro vim a conhecer em "Reservoir Dogs", do mestre Tarantino), Daniel Brühl ("Goodbye Lenin!"; "Inglourious Basterds", Tarantino, wieder einmal), Ulrich Tukur (inteiramente desconhecido se não tivermos um mínimo de informação sobre a cena cultural alemã), um tal de "Massacre de Nanquim" que é também conhecido no mundo anglo-saxão por "The rape of Nanking". Parece condensar bem os fatos ocorridos então, não? A invasão da China pelo exército japonês em 1937. Há uma cena chocante no filme. Durante um ataque aéreo japonês, Rabe estende uma enorme bandeira nazista sobre dezenas de chineses aglomerados no pátio de sua fábrica Siemens, empregados ou não ali, com isso afastando o bombardeamento e o morticínio pelos caças japoneseses. Manobra visual e cênica para humanizar o nazismo ou emprestar-lhe um álibi, ao menos pontual? Difícil dizer, sem conseguir decifrar os diálogos e seguir a evolução da trama também literalmente.

Ao final, fica a idéia de que indivíduos sempre contam, ainda que o esforço de John Rabe e de outros não-chineses que participaram de sua epopéia talvez tenham servido, apenas, para a "contenção de danos".

John Rabe deixa a China, retornando para a Alemanha nazista em 1938. A ocupação da China pelos japoneses prosseguiu, a guerra no Pacífico teve início e há outros filmes a respeito ("Império do Sol", dirigido por Steven Spielberg e com roteiro baseado no romancem semi-autobiográfico de J.G. Ballard, por exemplo; "Merry Christmas, Mr. Lawrence"; "Cartas de Iwo Jima") e romantização dos fatos históricos para todos os gostos.

Consultando a Wikipedia sabe-se haver um revisionismo a respeito do tal estupro de Naking e até quem negue sua ocorrência.

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Rabe

http://www.imdb.com/title/tt1124377/