sexta-feira, 13 de março de 2009

Blog do Mendes Thame publica texto jóia!

Agora fazemos escola. Mas aprendemos a lição?
Enviado em 13 de Março de 2009 Publicado por admin
O PROER, criado pelo Fernando Henrique Cardoso, foi alvo da ira implacável dos petistas, que diziam servir apenas para salvar da bancarrota os banqueiros amigos. O governador José Serra, recentemente, também foi alvejado por paus e pedras dessa retórica furiosa, ao criar programa para remunerar melhor os professores da rede pública paulista, que apresentassem melhores resultados nas aulas proferidas e maior dedicação aos alunos. Mario Covas e FHC, implantando programas habitacionais para a baixa renda e a concessão de benefícios a famílias carentes, estabeleceram que fosse a mulher a receber o título de propriedade ou a sacar na boca do caixa a prestação pecuniária.
Hoje, é o governo Lula que se beneficia da estabilidade dos ativos financeiros dos bancos nacionais, inclusive os bancos públicos, e sua ministra do coração diz irá realizar programa habitacional no qual será a mulher ou a chefe de família a receber o título e o financiamento habitacional. Agora, o presidente Barack Obama lança programa de reforma educacional nas escolas públicas dos EEUU centrado em estímulos direcionados ao professor, visto como mola mestra de qualquer sistema de ensino e de formação das novas gerações.
Qual lição tirar desses fatos? O Brasil de 2009 tem as condições de que desfruta para melhor enfrentar a crise econômica global de hoje porque aprimorou suas instituições e a gestão financeira e de políticas públicas, desde a década de 90. Foi o que reconheceu a economista do FMI, Teresa Ter-Minassiam, em palestra proferida dia 10 de março, terça-feira última, elogiando nossa política monetária que atravessou os governos FHC e Lula, incólume. Ter-Minassiam, vice-diretora do Departamento do Hemisfério Ocidental, entre 1997 e 2000, liderou as negociações do Fundo com o Brasil, e tomava aqui periodicamente nossa lição de casa em 1999, quando atravessamos grave crise fiscal e de balanço de pagamentos.
Mas também se pode imaginar que não tivemos uma bolha do sub-prime imobiliário apenas porque nosso sistema de financiamento habitacional é restritivo, as condições de emprego e renda de nossa população, a médio-longo prazo, incertas e o crédito para habitação escasso, bastando olhar para nossas cidades, onde vivem em torno de 80% da população brasileira, e as periferias carentes cheias de barracos e puxadinhos, para ver como há espaço para gerar empregos e renda e, quem sabe, até melhorar a qualidade urbanística de cidades sufocadas por um crescimento explosivo e sem regras por décadas. Medidas recentes, acertadas no curto prazo, como a redução do IPI de veículos, não foram acompanhadas de condicionantes como a aplicação exclusiva para os movidos a álcool ou o aumento da utilização na produção automobilística assim beneficiada de componentes e peças de fabricação nacional, demonstrando o quanto de precipitação e casuísmo houve na iniciativa, que deverá ser renovada e aperfeiçoada já a partir de abril de 2009, mas o governo não dá sinais de saber aproveitar e usá-la para aprofundar ganhos ambientais e econômicos.
Temos muito que fazer e pouco tempo para errar e corrigir erros. O melhor então é deixar de jogar pra platéia e nos preocupar em somar esforços e ouvir, mais que falar, para agir refletidamente.
Mendes Thame